quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

TESTE DE CAMPBELL
Ao ler a Revista Especial Adestramento Cães de Caça,do Grupo Editorial V, deparei-me com vários artigos com bastante interesse, desde logo o artigo "Orientações para adquirir um cão",páginas 32 a 41, resolvi passar para este blogue parte do mesmo. Mas, sendo o mesmo protegido pelos direitos de Autor, solicitei ao Pedro Vitorino, Director da Revista Cães de Caça, autorização para o fazer, a qual me foi concedida e, desde já agradeço.
Assim, vou transcrever o famoso teste de Campbell, que julgo poder ajudar a aqueles que querem saber mais alguns pormenores sobre o cachorro que irá adquirir.
Como realizar o teste de Campbell
Para realizar este teste devemos cumprir escrupulosamente as seguintes condições:
1.º O cachorro será examinado por apenas uma pessoa, independentemente se aquele a conhece ou não;
2.º O cachorro terá exactamente sete semanas;
3.º O exame será individual para cada cachorro, mantendo-o isolado;
4.º O recinto onde se realizará o teste terá de ser tranquilo, sem ruídos e sem a presença de objectos que possam distrair o cachorro;
5.º O teste realizar-se-á sem preparação prévia do cachorro, e em momento algum do decorrer do teste devemos felicitar ou animar;
6.º O teste deve ser efectuado uma só vez em cada cachorro, e aplicadas as cinco fases em poucos minutos para não cansar o animal.
O TEMPERAMENTO DO CACHORRO
Um bom uso do cão jovem é a melhor garantia para obter um adulto equilibrado. Muitas das condutas problemáticas do cão, que repercutem negativamente em seu proveito, dão-se nas primeiras semanas de vida. Muitos dos distúrbios têm a origem na dificuldade de comunicação com o cão, produto de uma inadequada socialização. Este é o período de desenvolvimento mais importante na espécie canina e deve cuidar-se com esmero. Uma socialização insuficiente por empobrecimento de estímulos origina medos e ansiedade. Ao ter conhecimento de tudo isto, vamos entender a importância de nos dirigirmos a um criador profissional, que sabe o que está a fazer e que se responsabiliza pela qualidade dos cães que saem do seu canil.
UMA FERRAMENTA
Podemos fazer vários testes para conhecer o temperamento futuro de um cachorro.
O mais popular é o de Campbell e representa uma excelente ferramenta para escolher um cachorro de entre um conjunto de irmãos de uma ninhada. William Campbell, psicólogo americano especializado no estudo do comportamento do cão e das relações cão-homem, criou uma série de testes para descobrir e seleccionar os comportamentos individuais dos cachorros. Neste trabalho investiu oito anos da sua vida, nos quais experimentou em mais de 10.000 cães de todas as raças, publicando o resultado das suas investigações em "Behavior Problems in Dog". As primeiras experiências destes testes realizadas em França apresentaram um resultado notável, coincidindo com as observações e experiências de criadores, treinadores e outros especialistas.
O carácter de um cão adulto já está presente no cachorro e a sua maneira de se comportar socialmente depende de vários aspectos, tais como a atracção social, a sua dedicação ao dono e a aceitação da sua liderança, a sua dominância social e dignidade, etc. Mas isso servirá p0ara conhecer o potencial do cachorro que levamos para casa. As qualidades e defeitos de um cão não nos são revelados até que este alcance a idade adulta, razão pela qual a aquisição de um cachorro é sempre algo bastante arriscado. No entanto, uma grande quantidade de questões podem ser respondidas com o teste de Campbell, uma vez que permite classificar os cachorros e determinar a que funções específicas se adaptará melhor o cão. As fases pelas quais o teste se divide são as seguintes:
1.ª Fase : Atracção social
Colocamos o cachorro no meio do pátio e distanciamo-nos dele uns passos em direcção contrária à porta de entrada. Em seguida, agachamo-nos e chamamos a sua atenção, batendo palmas baixinho.
O modo como o cachorro reage à nossa chamada mostra-nos o grau de atracção social, a sua confiança ou independência. Possíveis respostas dos cachorros:
A) Vem ter connosco com prontidão, mostrando o rabo levantado, com alegria e mordisca-nos as mãos;
B) Responde sem dificuldade, o rabo levantado e dá patadas nas nossas mãos;
C) Vem sem embaraço, mas com o rabo para baixo;
D) Caminha hesitante e desconfia antes de aproximar;
E) Não responde à nossa chamada.
2.ª Fase : Seguir o dono
Colocamo-nos de pé junto ao cachorro, com o animal situado à nossa esquerda, e começamos a caminhar devagar, assegurando-nos de que se apercebe da nossa partida. Esta prova permite-nos conhecer o grau de independência do cachorro. Respostas do cachorro:
A) Segue-nos sem dificuldade, o rabo em cima, mordiscando-nos as calças e os pés;
B) Segue-nos sem complicações, com o rabo lá no alto, mas sem mordiscar;
C) Segue-nos sem problemas, mas com o rabo para baixo;
D) Segue-nos com hesitação, com rabo para baixo;
E) Não nos segue ou distancia-se em outra direcção.
3.ª Fase : Obrigação
Colocamos o cachorro no chão, deitado de costas, e colocamos a nossa mão no peito, a assim mantemos durante trinta segundos.
Aceitar esta postura ou rejeitá-la, irá dizer-nos o grau de dominância ou submissão social e a sua capacidade para aceitar a dominação física:
A) Luta energicamente para se libertar, inclusive chega a morder a nossa mão ou rosna;
B) Luta vigorosamente por se libertar;
C) Depois de uma leve resistência, permanece imóvel;
D) Não faz nenhum esforço para se libertar e lambe a nossa mão.
4.ª Fase: Dominância social
Agachamo-nos junto ao cachorro, batemos levemente na parte superior da cabeça, deslizando a mão para trás, ao longo da coluna vertebral e fazemos-lhe festas na direcção contrária à do pêlo, sobre a mesma região, durante trinta segundos. Os cães muito dominantes tentarão morder a mão, enquanto os independentes tentarão escapar. Reacções do cachorro:
A) Brinca, morde ou rosna;
B) Salta e dá-nos patadas;
C) Revolta-se mas lambe as mãos;
D) Coloca a boca para cima e lambe-nos as mãos;
E) Distancia-se de nós e não volta.
5.ª Fase: Dignidade
Colocamo-nos atrás do cachorro e com as mãos cruzadas debaixo do seu tórax e levantamo-lo ligeiramente, de modo a que as suas patas não toquem no chão. Manteme-lo nesta posição durante trinta segundos. O cachorro sente-se dominado e as suas reacções irão permitir saber o seu grau de aceitação da dominância social,. Respostas do cachorro:
A) Luta energicamente e trata de morder ao mesmo tempo que rosna;
B) Luta de forma frenética;
C) Debate-se levemente e acaba por acalmar,lambendo as nossas mãos;
D) Não se mexe e lambe as nossas mãos.
ANÁLISE DOS RESULTADOS DO TESTE
Dominante agressivo: dois A com alguns B. Encontramo-nos perante um cão de carácter muito forte, o qual terá de ser tratado com cuidado para que não se revolte, evitando os castigos físicos, que apenas aumentarão a sua agressividade. Não é aconselhável para conviver com crianças. Estes cães, educados com firmeza, mas sem violência, converter-se-ão em extra ordinários cães de guarda. São aconselháveis apenas para aficionados com muita experiência no trato de cães e conhecedores da psicologia canina.
Equilibrado: três ou mais C. O cão ideal para integrar um lar que precise de um animal com temperamento, mas sem agressividade. Converter-se-á num adulto obediente e equilibrado,nem muito agressivo, nem demasiado submisso. Pode conviver tranquilamente com as crianças.
Submisso: dois ou mais D com um ou vários E. Animal muito susceptível, sentindo-se facilmente afectado pelos ralhetes. Necessita de muita atenção. Se lhe falamos autoritariamente pode mesmo urinar-se por submissão. Irá precisar que o insuflemos de confiança.
Pode inclusive chegar a morder por medo caso se sinta encurralado. Sensível e carinhoso, pode conviver com crianças.
Independente: dois ou mais E. Cachorro muito difícil de educar, que fará sempre o que lhe der na gana. Pode atacar e morder o seu proprietário se este se mostrar muito dominante ou o castiga em excesso, e pode ficar extremamente feroz. Apenas devem tratar estes cães, pessoas que já tenham experiência na educação de cães. Não é recomendável para conviver com as crianças.
Resultados mistos: Em alguns casos encontramo-nos com alguns resultados de tipo misto, por exemplo, um A, um B, um C, um D e um E, o que significa que o teste não foi bem feito, ou não conseguimos interpretar as reacções do cachorro. Em casos como este, podemos realizar novamente o teste no prazo de umas horas, mas variando o espaço e, se for possível, também a pessoa que leva a cabo a realização da prova.
DICAS
OS PAIS DO CACHORRO
A primeira indicação sobre o temperamento do cachorro vai-nos ser dada a partir da observação dos seus pais. o macho deverá ser um exemplar representativo da sua raça, forte, bem constituído, nem demasiado confiante nem demasiado tímido. Deverá ter um bom desenvolvimento muscular, uma expressão viril e nobre, um nível de actividade médio-alto, sem cair na hiperactividade nem ser acomodado. A fêmea, depois do parto e da criação, estará muito descompensada, pois dar à luz uma ninhada requer muito esforço e sacrifício. Por esta razão, terá o pêlo em mau estado, sem brilho e possivelmente com peladas. Também estará com as mamas muito descidas, mas não daremos importância a estes detalhes pois é natural. Nela é suficiente comprovar que é boa mãe, protege os seus cachorros e que não age com timidez nem agressividade.

OS 10 MANDAMENTOS PARA COMPRAR ACERTADAMENTE

1. Comprar um cachorro com pedigree;

2. Dar preferência à compra num canil de tipo familiar, com atenção pessoal dos criadores;

3. Se no canil não houver boa higiene, se houver cães amontoados, se houver cachorros de várias raças misturadas, não compre;

4. Escolha cachorros que aos quarenta e cinco dias se aproximem confiantes, que deixem dar festas, que sejam vivazes;

5. Não comprar cães medrosos, que fujam ao nosso contacto, ou que se escondam num canto ou debaixo dos móveis;

6. Não comprar cães que ericem o pêlo do lombo. Os animais dominantes ocasionam muitos problemas na hora do adestramento;

7. Não compre cães sujos, evidentemente desnutridos, pouco desenvolvidos ou demasiados apáticos;

8. Perguntar se os cachorros estão vacinados e pedir os certificados correspondentes. Se não o conseguirem comprovar, não compre;

9. Consultar se o cachorro foi desparasitado e se deve continuar com o tratamento. É habitual os cachorros terem parasitas intestinais. Não é grave. O grave é não combatê-lo. Levar o cachorro a um veterinário para que indique a melhor alimentação, vacinas e desparasitantes;

10. Pedir o plano alimentar e, nos primeiros dias, não modificar bruscamente para não alterar os processos digestivos. Toda a mudança deve ser feita de forma progressiva.